Page 13 - Conceitos Básicos e Estratégia
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A utilização de bóias para obtenção de dados oceanográficos e meteorológicos

                  merece destaque. A Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) implementou
                  dois programas no Atlântico Sul, com a participação brasileira: o International South

                  Atlantic Buoy Program– uma cobertura de boias de deriva na região entre os paralelos

                  de  20º  N  e  55º  S  (pelo  Brasil:  a  Diretoria de  Hidrografia  e  Navegação  –  DHN –  e  o

                  Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe); e o Pilot Research Moored Array for
                  the Tropical Atlantic (Pirata). A obtenção de dados do Pirata se baseia em boias tipo

                  Atlas, fundeadas  no Atlântico Sul (com a promoção dos EUA e da França; pelo lado

                  brasileiro: a DHN, oInpe,  o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-

                  USP) – e a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos). O Global Ocean
                  Observing System (Goos), também criado pela COI, deu origem ao Programa Nacional

                  de Boias (Pnboia), para obtenção de dados a partir de boias fixas e de deriva.


                        Um aspecto fundamental a ser considerado com respeito à pesquisa do mar é a

                  óbvia  necessidade  de  meios  flutuantes  capazes  de  manter,  com  grau  de  conforto
                  desejável, uma equipe de pesquisadores em uma dada região marítima e lá, utilizando

                  laboratórios e equipamentos científicos existentes a bordo, levar a bom termo a coleta

                  de dados prevista e a interpretação de resultados passível de ser executada, ainda no

                  mar. Em nosso País, a inexistência de navios adequados limitou as pesquisas, por um

                  bom tempo, às áreas costeiras. A alternativa foi a utilização de navios oceanográficos
                  da  Marinha,  para  que  servissem  de  plataforma  às  pesquisas  em  áreas  oceânicas,

                  secundariamente àquelas atividades estabelecidas com prioridade, para o atendimento

                  dos interesses navais. A  obtenção, na  Noruega, do “Professor W. Besnard”, pelo IO-
                  USP,  e  a  do  “Atlântico  Sul”,  pela  Universidade  Federal  do  Rio  Grande  (Furg),  veio

                  atenuar tal paradigma. Mas a deficiência perdurava e constituiu-se, mesmo, uma das

                  bandeiras da extinta Comissão Nacional Independente sobre os Oceanos (CNIO).


                        Chegou  a  ser  cogitada,  assim,  como  sugestão  válida  para  o  Cembra,  o  seu

                  engajamento no assunto, em sequência ao que chegou a ocorrer na antiga CNIO. Mas

                  vários eventos marcantes tornaram tal interveniência ultrapassada. O  primeiro foi a
                  obtenção, fruto de um convênio entre o Ministério da Ciência, Tecnologia, e Inovações

                  (MCTIC) e a Marinha, do Navio Oceanográfico “Cruzeiro do Sul”, que foi incorporado


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