Page 24 - Conceitos Básicos e Estratégia
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as quais não favorecerem a ocorrência de processos de enriquecimento do ambiente
                  aquático.  Na  maior  parte  da  costa,  é  escassa  a  disponibilidade  de  nutrientes  na
                  camada  eufótica,  onde,  na  presença  de  luz,  ocorre  a  fotossíntese  e  a  produção  de
                  biomassa  primária,  base  da cadeia  trófica.  Desta  forma,  apesar  de  sua  extensão,  o
                  Mar Brasileiro é, de modo geral, bastante pobre, havendo processos de ressurgência
                  apenas em pontos localizados e em determinadas épocas do ano, caso do litoral de

                  Cabo Frio-RJ, durante o verão, por exemplo. A despeito de sua reduzida participação
                  mundial, a atividade pesqueira do País possuigrande importância social, respondendo
                  pelo emprego direto de cerca de 800 mil pescadores.

                         O  consumo  mundial  de  pescado  per  capita  tem  aumentado  continuamente,
                  passando  de  9,9  kg/ano,  na  década  de  1960,  para  20,3  kg  em  2016,  embora  esse
                  incremento não tenha sido uniforme em todas as regiões. No Brasil, por exemplo, o
                  consumo per capita situa-se próximo a 9,1 kg/ano, embora a Organização Mundial da

                  Saúde (OMS) recomende que sejam consumidos, pelo menos, 12,0 kg/ano.

                         No  Oceano  Atlântico  Sudoeste,  área  de  particular  interesse  para  o  Brasil,  a
                  produção de pescado por captura em áreas marinhas tem oscilado em torno de dois
                  milhões  e  meio  de  toneladas,  desde  meados  dos  anos  1980.  No  País,  é  nas  regiões
                  Sudeste e Sul que se localiza a maior concentração de recursos pesqueiros. No Norte e
                  no  Nordeste,  predomina  a  pesca  artesanal.  Já  a  aquicultura  experimentou  uma
                  expansão considerável no período.


                         De acordo com  dados da FAO (2018), a produção mundial da pesca por captura
                  e  aquicultura  atingiu  170,9  milhões  de  toneladas  em  2016,  com  a  aquicultura
                  representando  47%  desse  total,  i.  e.,  80,0  milhões  de  toneladas.  Se  for  excluído  o
                  pescado  utilizado  na  produção  de  farinha  e  óleo  de  pescado  e  se  for  considerado
                  apenas o utilizado para consumo humano, a aquicultura passa a ser responsável por
                  53% da produção. Em 1970, a aquicultura era responsável por apenas 3,9% do pescado
                  consumido  em  todo  o  mundo.  Considerando  os  preços  de  primeira  venda,  a  FAO

                  estima que, em 2016, a produção da aquicultura mundial para consumo humano teve
                  um valor total equivalente a US$ 232 bilhões.

                         A maricultura brasileira, em 2016, produziu 72,9 mil  toneladas, restringindo-se
                  a dois grupos, os crustáceos e os moluscos. O camarão marinho foi o principal produto,
                  representando  71,5%  do  total  (52,1  mil  toneladas),  com  a  produção  concentrada,
                  basicamente, no Nordeste. Já os moluscos, produzidos principalmente na Região Sul,
                  foram  responsáveis  por  28,5%  (20,8  mil  toneladas).  Neste  grupo,  o  destaque  é  o

                  mexilhão  (perna)  no  estado  de  Santa  Catarina.  Segundo  o  IBGE,  o  valor  total  da
                  maricultura brasileira equivaleu a R$ 957 milhões, em 2016

                         As categorias da pesca de subsistência e da pesca artesanal, embora ocorram
                  ao longo de todo o litoral brasileiro, são mais fortes nas Regiões Norte e Nordeste do
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